2.10.13

Filosofia Medieval - Agostinho e Aquino

• O período medieval tem início com o esfacelamento do Império Romano do Ocidente após sofrer sucessivos ataques bárbaros.

• Igreja Católica se mantém como instituição social, difundindo o cristianismo e preservando muitos aspectos da cultura greco-romana.

• Fé ~> base de qualquer religião; aceitação incondicional das verdades reveladas por Deus, expressas na Bíblia.

• Se todas as verdades são reveladas por Deus, não poderia haver nenhuma investigação filosófica ou científica que contrariasse a fé católica.

• Filosofia medieval ~> explicar racionalmente a fé, a fim de utilizar a filosofia como instrumento favorável ao cristianismo e convencer os descrentes a aceitar a imensidão dos mistérios divinos.

• Quatro fases:

∗ Padres apostólicos ~> disseminação da palavra de Cristo pelos seus apóstolos. Maior expoente: São Paulo.
∗ Padres apologistas ~> defesa da fé contra os hereges. Maiores expoentes: Orígenes, Justino e Tertuliano.
∗ Patrística ~> conciliação entre fé e razão. Maior expoente: Santo Agostinho.
∗ Escolástica ~> sistematização da filosofia cristã a partir da interpretação de Aristóteles. Maior expoente: Tomás de Aquino.

1) Patrística 

• A Igreja tinha consciência de que não se poderia coibir os hereges ou impor seus preceitos pela força, mas, sim, de maneira convincente, por um trabalho de pregação e conquista espiritual.

• Patrística ~> nome dado ao conjunto de textos elaborados pelos padres da Igreja sobre a fé e as revelações cristãs.

Agostinho ~> Durante sua juventude, Agostinho sempre foi ávido por conhecimento, inquieto. Despertou para a filosofia com Cícero, influenciou-se pelo maniqueísmo (corrente que prega a divisão do mundo em bem x mal), ceticismo e neoplatonismo, até que, em seu período crítico e passando por uma forte crise em busca do sentido de sua vida, converteu-se ao cristianismo.

Superioridade da alma ~> o espírito, criado por Deus, deveria reinar sobre o corpo. O pecado, para Agostinho, ocorre quando, pelo livre-arbítrio que possui, o indivíduo inverte estes valores e passa a subordinar a alma à matéria, o eterno ao transitório, a essência à aparência.

• Boas obras x Graças divina ~> Agostinho – a salvação só é obtida pela graça divina, encontrada na Igreja e concebida apenas aos que já estavam predestinados à recebê-la (ideia adotada pelos protestantes mais tarde). X Pelágio – ia contra Agostinho porque defendia que a boa vontade e boas obras seriam o suficiente para a salvação, passando pelo mérito humano e desprezando a necessidade da ajuda divina. 

• Filosofia grega – indivíduo como cidadão, ser social e político X filosofia cristã – indivíduo em sua vinculação pessoal com Deus.

• Liberdade e pecado ~> Para Santo Agostinho, liberdade é a harmonia das ações humanas com a vontade de Deus; o prazer de pecar é a escravidão. A liberdade é determinada pela vontade humana, ou seja, o ser humano pode utilizar de seu livre-arbítrio para satisfazer uma vontade má, e é por isso que precisa da orientação divina.

• Precedência da fé sobre a razão ~> a fé vem antes, revelando as verdades que, apenas mais tardes, poderão ser esclarecidas de forma racional.

• Influências:

∗ Maniqueísmo ~> o ser humano tem uma inclinação natural para o mal, para os pecados, e somente um esforço consciente pode nos fazer superar esta deficiência natural.
∗ Ceticismo ~> desconfiança no conhecimento sensorial.
∗ Platão ~> a verdade, como conhecimento eterno, deve ser buscada no “mundo das ideias”; defendeu o autoconhecimento, o caminho da interioridade como instrumento para esta busca. No mito, os olhos necessitam da luz do Sol para enxergar os objetos no mundo sensível; isto corresponderia aos “olhos da alma” precisarem da luz divina para visualizar as verdades da sabedoria.

2) Escolástica

• Palavra derivada de “escola”, por referir-se à produção filosófico-teologóica que surgiu nas escolas e universidades do período da renascença carolíngia com Carlos Magno.

• Influência aristotélica pelo fato de muitas de suas obras serem sido descobertas e traduzidas para o latim nesta época.

• Tomás de Aquino ~> o tomismo nasceu com o objetivo de não contrariar a fé, de organizar argumentos para defender o cristianismo. Aquino, em busca destes argumentos, reviveu muitos aspectos da filosofia de Aristóteles.

Princípios básicos:

1) Princípio da não contradição ~> o ser é ou não é; pode ser e não ser ao mesmo tempo (influência de Parmênides).
2) Princípio da substância ~> substância (a essência de algo, que torna a coisa o que ela é) x acidental (a qualidade acessória do ser).
3) Princípio da causa eficiente ~> todos os seres são seres contingentes, ou seja, não possuem em si próprios a causa eficiente de suas existências. Para existir, o ser contigente depende do ser necessário.
4) Princípio da finalidade ~> todo ser contingente existe por uma razão, por um fim. Todo ser contingente possui uma causa final.
5) Princípio do ato e da potência ~> ato representa a existência atual do ser, naquele momento; potência é a capacidade real do ser, é o que pode vir a realizar-se. A passagem de potência a ato é o que explica todas as mudanças.

• Elementos estranhos à filosofia aristotélica ~> criação do mundo, noção de um deus único e a ideia de que o vir a ser (a passagem de potenção ao ato) procede de Deus.

Provas da existência de Deus  ~> em sua obra “Suma Teológica”:

1) O prirmeiro motor ~> tudo aquilo que se move, necessista ser movido por outro. Se não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos em um processo indefinido. Este primeiro ser imóvel é Deus.
2) A causa eficiente ~> a causa eficiente é o ato que impulsiona a criação, e nenhum ser contigente a possui em si próprio. A primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos, é Deus.
3) Ser necessário e ser contingente ~> o que os distingue é anterioridade ou não de cada um; partindo do princípio de que todo o ser contingente passa a existir e também um dia deixa de exister, nada agora existiria. Portanto, é necessário que haja algum ser que sempre existiu e que seja a causa da necessidade de todos os seres contigentes: Deus.
4) Os graus de perfeição ~> se alguma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que deva existir um ser com o máximo desta qualidade, no nível da perfeição: Deus.
5) A finalidade do ser ~> todas as coisas na natureza cumprem uma função, um objetivo; devemos admitir, então, que exista algum ser que dirige todas elas para que cumpram com sua finalidade: Deus, a Suma Inteligência.

0 comentários:

Postar um comentário